UM DOS MAIORES MULTIARTISTAS DO BRASIL!
Eduardo Kobra é um expoente da neovanguarda paulista. Kobra apresenta obras ricas em traço, luz e sombra. O resultado é uma série de murais tridimensionais que permitem ao público interagir com a obra.
Paralelamente, Kobra realiza exposições dentro e fora do Brasil, além de pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos.
Em Setembro deste ano, entrou para o Guinness, com sua obra "Etnias - Todos Somos Um", feita para os jogos olímpicos, com 2.646,34 m², no Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro.
Inquieto e irrefreável em suas buscas criativas, Kobra é hoje, um fenômeno da arte brasileira da neovanguarda que “já” não se permite ignorar.
Em meio a tanta correria, Kobra abriu um espaço em sua disputada agenda e me concedeu essa entrevista exclusiva. O resultado vocês conferem logo abaixo:
Brina - Como e quando começou seu interesse por desenhar? E como
foi esse processo até o grafite?
Kobra - “Aos 8 ou 9 anos, em cadernos de colorir dados por minha mãe.
Nunca os abandonei, para onde quer que eu fosse, eu os carregava debaixo do
braço, mas, efetivamente, nas ruas, comecei em 1987, no bairro do Campo
Limpo, expandindo por toda SP, com pichações, e desenhos dentro da cultura
hip-hop.”
Brina - Quando você se tornou um grafiteiro profissional?
Kobra - “Sou um privilegiado porque acompanhei grande parte da
história da arte de rua no Brasil, circulando em algumas vertentes da arte de
rua como pichação, pinturas em 3D, grafite e, atualmente, muralismo.
Acredito que estou em constante evolução, buscando sempre o aprimoramento
da técnica que utilizo e minha evolução pessoal e artística.”
Brina - Em sua opinião, há diferenças em realizar trabalhos no
Brasil e no exterior?
Kobra - “O caminho que meu trabalho tomou foi diferente do esperado,
pois, primeiramente, criei bom alicerce aqui no Brasil, para depois disso
aceitar os convites que surgiam de outros países. Acredito que a repercussão
das obras feitas em São Paulo, através de revistas, livros, e a própria
internet, contribuíram para divulgação no exterior, e pessoalmente, acredito
que arte de rua que é feita no Brasil é sem dúvida umas das melhores do mundo,
pois temos uma pitada de inovação, vinda da própria dificuldade de ser artista
em um país de terceiro mundo que eles não conhecem, e isso nos fez fortes,
diferentes e inusitados, pois não seguimos cartilhas, somos o que somos.”
Brina - Hoje, você é um grafiteiro respeitado e com reconhecimento
mundial. Quais foram as dificuldades que você enfrentou no começo de sua
carreira?
Kobra - “Todas as dificuldades que um jovem de origem pobre tem,
principalmente vivendo em um país de terceiro mundo, e com vocação artística.
Já me chamaram de vagabundo, fui detido 3 vezes, e enfrentei todo tipo de
preconceito, dentro e fora de casa, mas acredito que isso serviu de combustível
e base sólida para os desafios que enfrento atualmente.”
Brina - Desde o processo de idealização, planejamento, até a
realização de um trabalho, qual momento você considera o mais complexo?
Kobra - “Às vezes a criação leva mais tempo que a realização,
como, por exemplo, o mural do Oscar Niemeyer da Avenida Paulista; levei 40
dias criando, 25 dias pintando, mas o processo de autorização levou quase 2
anos, instalação de andaimes, segurança do trabalho, logística e organização
com materiais mais uns 15 dias. Então, todos os passos são extremamente
delicados e exigem total atenção.”
Brina - Atualmente, qual sua opinião sobre a pichação em grandes
centros urbanos, principalmente na cidade de São Paulo?
Kobra - “Pichação é um movimento característico da cidade de São
Paulo, e não preciso de permissões ou autorizações para existir, é um movimento
legítimo e permanece imutável desde seu surgimento. Sem dúvida, se tornou uma
marca registrada da cidade de São Paulo, e cada artista tem seus motivos
para prosseguir, eu mesmo iniciei dentro deste movimento.”
Brina - Você nasceu e cresceu em São Paulo, onde muitos artistas e
suas obras acabam passando despercebidos em meio a rotina caótica de grande
parte da população. Diante dessa realidade, qual a sensação em ter realizado
trabalhos em locais importantes e de grande visibilidade em sua cidade natal?
Kobra - “Tenho muito orgulho, e me sinto privilegiado por ter esta
honra em poder ocupar a cidade como meu atelier, e uma grande galeria de arte
a céu aberto. A cidade de São Paulo faz parte da minha história de vida, foi
nela que aprendi tudo o que sei, e a minha história nas ruas se confunde
com minha própria história de vida, da ilegalidade à ocupação de espaços notórios.”
Brina - Você tem um projeto chamado "Muros da Memória",
que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória
da cidade. Em sua opinião, o grafite pode ser uma ferramenta para trazer a
atenção necessária e revitalizar locais históricos que hoje se encontram
em processo de degradação?
Kobra - “A cidade de São Paulo é um exemplo do que acontece no
Brasil. Não temos em nosso DNA a preservação do patrimônio histórico, e por
este motivo vemos hoje bairros inteiros sendo descaracterizados pela
especulação imobiliária. Meu projeto Muros da Memória vem simbolicamente
reconstruindo artisticamente tudo o que destruímos ao longo destes anos.”
Brina - Quais dicas você daria para quem sonha em trabalhar com
grafite?
Kobra - “O tempo é de mudança, a filosofia que um artista deve
ser drogado, bêbado e sem profissionalismo atualmente está desgastada e defasada,
a conquista do espaço vem justamente nos que se posicionam ao contrário
disso, estudando, aperfeiçoando, aprimorando dia a dia, e acima de tudo trabalhando
duro, pois conquistar um espaço requer acima de tudo força de vontade.”
Brina - Kobra, por favor, mande um recado aos seus
fãs.
"A todos que quiserem acompanhar meu trabalho, estou atualizando diariamente meu instagram, "kobrastreetart". Muitíssimo obrigado."
Pichador é tão 'artista' q não enfeita a própria casa com sua arte... lamentável Kobra, aparentemente tão inteligente, classificar esses lixos sociais q são os pichadores como 'artistas'.
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