quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Entrevista Exclusiva com Eduardo KOBRA


UM DOS MAIORES MULTIARTISTAS DO BRASIL!


Eduardo Kobra é um expoente da neovanguarda paulista. Kobra apresenta obras ricas em traço, luz e sombra. O resultado é uma série de murais tridimensionais que permitem ao público interagir com a obra. 
Paralelamente, Kobra realiza exposições dentro e fora do Brasil, além de pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. 
Em Setembro deste ano, entrou para o Guinness, com sua obra "Etnias - Todos Somos Um", feita para os jogos olímpicos, com 2.646,34 m², no Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro.
Inquieto e irrefreável em suas buscas criativas, Kobra é hoje, um fenômeno da arte brasileira da neovanguarda que “já” não se permite ignorar.

Em meio a tanta correria, Kobra abriu um espaço em sua disputada agenda e me concedeu essa entrevista exclusiva. O resultado vocês conferem logo abaixo:

Brina - Como e quando co­me­çou seu interesse por dese­nhar? E como foi esse proces­so até o grafite?

Kobra - “Aos 8 ou 9 anos, em cadernos de colorir dados por minha mãe. Nunca os aban­do­nei, para onde quer que eu fos­se, eu os carregava debai­xo do braço, mas, efeti­va­men­te, nas ruas, comecei em 1987, no bairro do Campo Limpo, ex­pandindo por toda SP, com pichações, e desenhos dentro da cultura hip-hop.”

Brina - Quando você se tor­nou um grafiteiro profissional?

Kobra - “Sou um privilegiado porque acompanhei grande parte da história da arte de rua no Brasil, circulando em al­gu­mas vertentes da arte de rua co­mo pichação, pinturas em 3D, grafite e, atualmente, mu­ra­lismo. Acredito que estou em constante evolução, bus­cando sempre o apri­mora­men­to da técnica que utilizo e mi­nha evolução pessoal e ar­tística.”

Brina - Em sua opinião, há diferenças em realizar traba­lhos no Brasil e no exterior?

Kobra - “O caminho que meu trabalho tomou foi diferente do esperado, pois, primeiramente, criei bom alicerce aqui no Bra­sil, para depois disso aceitar os convites que surgiam de ou­tros países. Acredito que a re­per­cussão das obras feitas em São Paulo, através de revistas, li­vros, e a própria internet, con­tri­buíram para divulgação no ex­terior, e pessoalmente, acre­di­to que arte de rua que é feita no Brasil é sem dúvida umas das melhores do mundo, pois te­mos uma pitada de inovação, vinda da própria dificuldade de ser artista em um país de ter­ceiro mundo que eles não co­nhe­cem, e isso nos fez fortes, di­ferentes e inusitados, pois não seguimos cartilhas, somos o que somos.”

Brina - Hoje, você é um grafiteiro respeitado e com re­conhecimento mundial. Quais fo­ram as dificuldades que vo­cê enfrentou no começo de sua carreira?

Kobra - “Todas as difi­cul­da­des que um jovem de origem po­bre tem, principalmente vi­vendo em um país de terceiro mundo, e com vocação artís­ti­ca. Já me chamaram de va­ga­­bundo, fui detido 3 vezes, e en­frentei todo tipo de pre­con­cei­to, dentro e fora de casa, mas acredito que isso serviu de combustível e base sólida pa­ra os desafios que enfrento a­tualmente.”

Brina - Desde o processo de idealização, planejamento, até a realização de um trabalho, qual momento você considera o mais complexo?

Kobra - “Às vezes a criação le­va mais tempo que a rea­li­za­ção, como, por exemplo, o mu­ral do Oscar Niemeyer da Avenida Paulista; levei 40 dias criando, 25 dias pintando, mas o processo de autorização le­vou quase 2 anos, instalação de andaimes, segurança do tra­ba­lho, logística e organi­za­ção com materiais mais uns 15 dias. Então, todos os passos são extremamente delicados e exi­gem total atenção.”

Brina - Atualmente, qual sua opinião sobre a pichação em grandes centros urbanos, prin­cipalmente na cidade de São Paulo?

Kobra - “Pichação é um mo­vi­mento característico da ci­da­de de São Paulo, e não pre­ciso de permissões ou aut­o­ri­za­ções para existir, é um mo­vi­mento legítimo e permanece imutável desde seu sur­gi­mento. Sem dúvida, se tornou uma marca registrada da ci­da­de de São Paulo, e cada ar­tis­ta tem seus motivos para pros­seguir, eu mesmo iniciei den­tro deste movimento.”

Brina - Você nasceu e cres­ceu em São Paulo, onde mui­tos artistas e suas obras aca­bam passando despercebidos em meio a rotina caótica de gran­de parte da população. Di­ante dessa realidade, qual a sensação em ter realizado tra­balhos em locais importantes e de grande visibilidade em sua cidade natal?

Kobra - “Tenho muito or­gu­lho, e me sinto privilegiado por ter esta honra em poder ocu­par a cidade como meu atelier, e uma grande galeria de arte a céu aberto. A cidade de São Pa­ulo faz parte da minha his­tória de vida, foi nela que a­pren­di tudo o que sei, e a mi­nha história nas ruas se con­fun­de com minha própria his­tória de vida, da ilegalidade à ocu­pação de espaços notó­ri­os.”

Brina - Você tem um projeto chamado "Muros da Me­mó­ria", que busca transformar a pai­sagem urbana através da ar­te e resgatar a memória da ci­dade. Em sua opinião, o gra­fi­te pode ser uma ferramenta para trazer a atenção neces­sá­ria e revitalizar locais his­tó­ri­cos que hoje se encontram em processo de degradação?

Kobra - “A cidade de São Pau­lo é um exemplo do que acon­tece no Brasil. Não temos em nosso DNA a preservação do patrimônio histórico, e por este motivo vemos hoje bair­ros inteiros sendo desca­rac­te­ri­zados pela especulação imo­bi­liária. Meu projeto Muros da Memória vem simbolicamente reconstruindo artisticamente tu­do o que destruímos ao longo des­tes anos.”

Brina - Quais dicas você da­ria para quem sonha em tra­ba­lhar com grafite?

Kobra - “O tempo é de mu­dan­ça, a filosofia que um ar­tis­ta deve ser drogado, bêbado e sem profissionalismo atual­mente está desgastada e de­fa­sada, a conquista do espaço vem justamente nos que se po­si­cionam ao contrário disso, es­­tudando, aperfeiçoando, apri­morando dia a dia, e acima de tudo trabalhando duro, pois con­quistar um espaço requer aci­ma de tudo força de von­ta­de.”

Brina - Kobra, por favor, man­­de um recado aos seus fãs.

"A todos que quiserem acompanhar meu trabalho, estou atualizando diariamente meu instagram, "kobrastreetart". Muitíssimo obrigado."

Um comentário:

  1. Pichador é tão 'artista' q não enfeita a própria casa com sua arte... lamentável Kobra, aparentemente tão inteligente, classificar esses lixos sociais q são os pichadores como 'artistas'.

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